segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Cotas nas Universidades Públicas
Qual a relação entre cotas e o Teatro Municipal? Apenas que relacionam-se a pessoas e cultura numa mesma sociedade. Mesma sociedade? Que mesma sociedade? Acho que é partindo dessa pergunta que deve ser feita a discussão. E sim, no momento sou a favor das cotas, como medida temporária.
Veja, entrei para a graduação através do PRO-UNI. Eu já vinha fazendo vestibular há 5 anos quando o programa surgiu. Mas eu havia concluído o Ensino Médio em 1990, consegui a bolsa para o ano letivo de 2006. Tive muitas preocupações para recuperar os conteúdos que compunham a minha defasagem. Esse é um ítem muito importante quando falamos em cotas, pois esta medida está diretamente relacionada com a baixa qualidade da escola pública brasileira. Vem daí as dificuldades dos alunos cotistas e bolsistas: o ensino superior é parte num sistema educacional, e o êxito neste nível está grandemente ligado aos conteúdos apreendidos nas etapas anteriores.
Penso, no entanto, que o ensino superior tem muita relação com a maturidade do aluno, até porque não é uma continuação e sim um novo patamar na formação. É uma formação que pode abrir portas para o mercado de trabalho ou promoções na carreira já existentes, mas não é para isso que o ensino acadêmico existe, não é para tão pouco.
Esta é uma medida do governo brasileiro, mas pergunto que outras medidas estão sendo ou serão tomadas com o objetivo de construir uma educação de qualidade neste país, em todos os níveis, nas redes públicas e privadas? Essa é, a meu ver, a questão que interessa.
A foto que inicia esta postagem eu tirei recentemente da lateral do Teatro Municipal com o celular mesmo, um dia desses, porque ainda não entrei lá depois da reforma. Só entrei nesse maravilhoso lugar uma vez, a convite de uma amiga, para ver a exibição do filme Limite, que havia sido restaurado e cuja trilha sonora seria tocada ao vivo pela orquestra. Isso foi em 1989. Minha amiga, por acaso é branca. Recebi muitos olhares atravessados naquele dia. Será que é tão estranho alguém gostar de cultura, conhecer músicas de concerto, buscar formação em razão da cor e da condição de baixa renda econômica?
Enquanto ainda se achar inesperado um negro e um pobre escolherem carreiras acadêmicas e pugnarem pelo seu lugar ali, enquanto não construirmos uma sociedade com condições iguais para todos, muitas medidas serão necessárias, inclusive as cotas.
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Portas, janelas, metáforas...
Se as pessoas tivessem noção de quão libertador o conhecimento pode ser, como seria o mundo? Será que teríamos a coragem necessária para sermos livres?
Tenho pensado nas teorias marxistas que conheço; nas primeiras experiências socialistas no mundo (do surgimento ao encerramento) e no quanto possa haver de possibilidade de transformação do mundo, considerando que o capitalismo está já tão arraigado na sociedade que parece ser impossível construir e estruturar outro modo de vida, outros costumes e outros objetivos.
Talvez eu possa partir daí: - as pessoas estão pensando as próprias possibilidades ou simples e cegamente estão tentando "chegar lá"? Como será possível organizar o mundo de modo que haja igualdade na quantidade de trabalho realizado por cada um, e na divisão dos que for produzido? Como haverá justiça social? Por onde começar a mudar o sistema, pelas eleições? Reparos ou Revolução?
Talvez não costumemos nos dar conta da importância das propostas, mas realizamos depois de termos pensado sobre e não o contrário. Quando eu já tinha o meu menino mais velho, um amigo disse que não havia razão para eu estar fora da universidade. Até aquele dia, eu tinha como certo que eu nunca faria faculdade. Pensemos nisso. Não teorizamos o mundo por esporte...
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
Eric J. Hobsbawm
Morreu hoje, 1 de outubro de 2012, como está sendo amplamente noticiado, o historiador Hobsbawm. Seus livros de história são parte fundamental dos meus estudos, mesmo eu sendo de literatura, porque penso no mundo que temos e me preocupo com o mundo que estamos construindo, e isso só se faz, penso, conhecendo nosso passado. Me sinto algo órfã, por um lado, porque ele não escreverá mais, mas sou feliz por ter acesso aos seus escritos já há algum tempo.
95 anos de vida de alguém que bem poderia viver e escrever por mais uns 40 aninhos. Mas, devo me conformar, é da nossa condição a finitude da vida. Hobsbawm, assim como Jorge de Sena, Baudelaire, Camões, Joyce, Hemingway, Mann, Melville, Jane Austen, Kafka e tantos outros passam a habitar, definitivamente, o espaço textual. Presente Sempre.
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